Uma Fundação de Apoio à uma Universidade tem um papel importante para as pesquisas, fazendo o gerenciamento administrativo e financeiro dos projetos dos pesquisadores da instituição apoiada. O papel desses pesquisadores para que os projetos acadêmicos sejam executados é fundamental, pois, além do conhecimento técnico, eles geralmente fazem a articulação com os órgãos financiadores, em conjunto com a Fundação, para a definição do escopo da pesquisa e obtenção dos recursos necessários para a sua execução. Dessa forma é importante a inserção contínua de novos pesquisadores em projetos com a FUNPEC, ampliando a interação da UFRN com a sociedade e atendendo a necessidade de constante renovação dos pesquisadores, que ocorre em qualquer instituição.

Com esse espírito, a direção da FUNPEC, em uma ação inédita em sua história, e com o apoio do Conselho Deliberativo, aprovou a Resolução 03/2019 para a concessão de Apoio Financeiro a Novos Pesquisadores no âmbito da FUNPEC/UFRN, entendendo-se como novos pesquisadores docentes efetivos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que desenvolvam atividades de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação formalizadas por meio de projetos de PD&I, conforme estabelecido na Resolução 130/2018-CONSEPE/UFRN, e que não tenham coordenado projetos de pesquisa geridos pela FUNPEC ou financiados por instituições de fomento à pesquisa nacionais ou internacionais. Com base nessa Resolução, a Pró Reitoria de Pesquisa da UFRN lançou o Edital 03/2020, aberto até o dia 31/03/2020 para a apresentação de propostas. Mais informações a respeito do Edital podem ser obtidas no endereço www.propesq.ufrn.br.

Esse apoio que a FUNPEC está dando aos pesquisadores da UFRN nesse momento é muito importante, pois estamos vivendo um momento de grandes restrições orçamentárias para as pesquisas, tão importantes para um país. Esperamos que os pesquisares contemplados nesse Edital se tornem parceiros da FUNPEC em futuros projetos em parceria com empresas privadas e órgãos públicos.

Todos nós sabemos ou deveríamos saber que um país somente se desenvolve com o domínio da ciência e da tecnologia. Exemplos não faltam mundo afora de países que mudaram o seu destino em poucos anos com investimentos em educação, com naturais e consequentes efeitos positivos em ciência e tecnologia. Um dos exemplos mais marcantes é o da Coréia do Sul que na década de 60 era uma das nações mais pobres do mundo, destroçada por uma guerra que destruiu 25% da riqueza nacional e matou 5% da população civil. E hoje tem um PIB per capita quase três vezes superior ao brasileiro e uma economia impulsionada pela alta tecnologia.

O que vemos no Brasil há vários anos é um caminho na contramão do caso citado, com redução de recursos investidos em Ciência e Tecnologia e pensamentos imediatistas de redução de gastos, incluindo a educação esse rol. Aliás, é importante ressaltar que não existe uma boa ciência e tecnologia sem uma boa educação. É preciso ficar clara a diferença entre gasto e investimento, sob pena de condenarmos o nosso país a ser um eterno exportador de matéria prima, de baixo valor agregado, e importador de produtos acabados, de alto valor agregado. Um exemplo, o Brasil exporta minério de ferro à China e importa trilho e a diferença entre o valor da matéria-prima que o país exporta e o do produto acabado que importa chega a US$ 714 por tonelada.

É importante o país definir áreas estratégicas, respeitando as realidades regionais e investir em infraestrutura e em recursos humanos nessas áreas. Recentemente perdemos uma grande oportunidade para isso no programa “Ciência sem Fronteiras” em que forma investidos em um curto período cerca de 10 bilhões de reais e cujo resultado para a Educação, Ciência e Tecnologia no país foi pífio. Não foram definidas áreas estratégicas, não houve seleção das melhores Universidades e Centros de Pesquisa no mundo nas áreas selecionadas para o estabelecimento de intercâmbio e, tão pouco, foram selecionados os melhores alunos para usufruir do programa com bolsas no exterior. Também poderia ter sido pensado em investir uma parte dos recursos do programa para a construção de centros de pesquisa no Brasil para atrair os alunos bolsistas no seu retorno ao país.

Para desenvolver um país em educação, ciência e tecnologia é preciso vontade política, planejamento, continuidade nos investimentos e agências de fomento prestigiadas e eficientes. O que assistimos nos últimos anos é a ausência de todos esses ingredientes, o que infelizmente não dá ao país perspectiva de mudar de status em curto e médio prazos, o que pode enfraquecer ainda mais a economia e agravar as desigualdades sociais existentes. É preciso refletir e agir sobre o tema.

No dia 19/10/2019 a FUNPEC completa 41 anos de sua criação. A Fundação Norte-Riograndense de Pesquisa e Cultura (FUNPEC), Fundação de Apoio à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi fundada em 19 de outubro de 1978 pelo então reitor Diógenes da Cunha Lima e, desde então, vem fazendo a gestão financeira de milhares de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, executados por pesquisadores da UFRN, em parceria com empresas, órgãos públicos e com outras instituições de pesquisa do Brasil e do exterior. Os resultados de grande parte dessas pesquisas foram transferidos para a sociedade, contribuindo para o crescimento do nosso estado.

Durante esses 41 anos a FUNPEC enfrentou e venceu vários desafios, se adequando às constantes mudanças na legislação que regula o funcionamento das Fundações e nas resoluções da UFRN, enfrentando as crises políticas e econômicas e as incertezas nos recursos para pesquisa e inovação, sempre trabalhando com responsabilidade, respeitando a legislação e, ao mesmo tempo, com a agilidade necessária para que os projetos atinjam as suas metas. A FUNPEC é constantemente fiscalizada pelos órgãos de controle, como TCU, GGU, MP, pela própria UFRN, além dos órgãos financiadores.

Muitos projetos gerenciados pela FUNPEC tem os seus resultados transferidos em benefício da sociedade, tais como: o projeto de monitoramento de combustíveis em postos da região, que contribui para um combustível de boa qualidade para o consumidor; os projetos de consultoria em gestão e contabilidade que beneficiam prefeituras no estado; os projetos na área de petróleo e gás, que tornaram a UFRN uma das instituições líderes em pesquisas nessa área no país com a construção de uma grande infraestrutura e formação de recursos humanos na área; os projetos na área de saúde, com grande impacto social para o diagnóstico e tratamento de doenças, além de melhorias na gestão de hospitais e do SUS; do Instituto de Física, que traz à Natal pesquisadores do mundo todo para discutir temas de ponta e que irão balizar novas tecnologias; do Instituto Metrópole Digital, uma estrutura invejável na área de Tecnologia da Informação, com empresas incubadas, projetos de Ensino e de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação. Na área cultural, a FUNPEC tem atuado em parceria com a Escola de Música, gerenciando vários projetos, como o da orquestra sinfônica da UFRN, tem contribuído com o museu Câmara Cascudo com a aquisição de acervo, entres outros.

Enfim, a FUNPEC, muitas vezes de forma silenciosa e sem alarde, está por trás de muitos benefícios oriundos de pesquisas da UFRN e que chegam à sociedade. É necessário que todos conheçam e valorizem esse trabalho.