UFRN tem reconhecimento nacional por pesquisas marinhas
O Programa de Geologia e Geofísica Marinha (PGGM), uma das redes de pesquisa mais antigas do país, que acaba de completar 50 anos de atuação, reconheceu a contribuição da UFRN nas áreas de geofísica, geologia e oceanografia. A comenda, entregue ao vice-reitor Henio Ferreira de Miranda, foi recebida pelas pesquisadoras Helenice Vital (Departamento de Geologia), Iracema Miranda (Museu Câmara Cascudo) e Zuleide Carvalho (Departamento de Geografia) durante evento em Porto Alegre (RS), com as presenças da Marinha do Brasil, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), CAPES e CNPq.
Para o professor Henio, é um orgulho receber esse reconhecimento. “Só temos a nos orgulhar dessa comenda, agradecer e elogiar toda equipe dos departamentos de Geologia, Geografia e do MCC pela pela bonita participação nesse congresso e pelo trabalho que vem realizando nas Ciências do Mar”, destacou.
Henio disse ainda que a Universidade tem atuado na vanguarda da pesquisa e da luta pela preservação do Meio Ambiente que, inclusive, é um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Neste momento que passamos por essa crise, por causa do derramamento de óleo que tem chega à nossas praias, a Universidade tem sido fundamental com relação as pesquisas da dosagem de óleo e da contaminação da fauna e da flora marítima”, reforçou o vice-reitor.
No Rio Grande do Sul, a UFRN foi a universidade que mais levou participantes, sendo a maioria do grupo constituída por alunos. A comemoração do meio século de atuação do PGGM foi realizada durante o 2º Simpósio Brasileiro de Geologia e Geofísica Marinho, reunindo os estudiosos das várias áreas envolvidas com a pesquisa marinha.
Pesquisa marinha na UFRN
A UFRN tem contribuído significativamente para as pesquisas marítimas do Brasil. Um dos trabalhos mais importantes é o monitoramento da bacia potiguar em relação à exploração de petróleo. O RN foi o primeiro a possuir uma Carta de Sensibilidade Ambiental a Derramamentos de Óleo (Carta SAO), em 2004, ferramenta essencial e fonte primária de informações para o planejamento de contingência e para a implementação de ações de resposta a incidentes de poluição por óleo.
“Esse foi um dos primeiros trabalhos que fiz aqui na UFRN, realizado no Rio Potengi. Foi a partir dessas cartas iniciais dos portos que surgiu a legislação brasileira para todo o oceano”, disse Helenice Vital. A Lei Nº 9.966, de 28 de abril de 2000, atribuiu ao Ministério do Meio Ambiente responsabilidades na identificação, localização e definição dos limites das áreas ecologicamente sensíveis com relação à poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional.
“O trabalho realizou levantamento com coleta de dados nas partes mais sedimentadas para mostrar como estava a plataforma continental em termos de qualidade, tanto na plataforma do RN, quanto na do CE: se existia contaminação ou não, recursos vivos ou não vivos que pudesse ser atingido num possível derramamento de óleo”, explicou a pesquisadora Iracema Miranda.
As Cartas SAO, por exemplo, possuem todas as informações necessárias para o governo agir no caso do atual derramamento de óleo na costa nordestina, podendo atuar em alto mar antes que o problema chegasse ao continente.
Potencial submarino
A costa potiguar é rica em carbonato, muito conhecido por nós como barrilha. Esse produto é uma das matérias primas para a fabricação de cimento, aço e vidro, mas também serve para reduzir a acidez na fabricação do vinho, do solo na agricultura, em creme dental e medicamentos usados no tratamento de doenças provocadas pela deficiência de cálcio, como a osteoporose. “Nossa plataforma é praticamente carbonática”, destaca a professora Helenice que faz o monitoramento desses sais inorgânicos.
Esse é parte do trabalho de acompanhamento do relevo submarino potiguar realizado pela pesquisadora, cujo objetivo é desenhar mapas de habitats. “O relevo em si é o ponto básico para mostrar onde tem mais peixes, determinadas vegetações, recursos minerais e onde ocorre a maior interação do homem”, acrescenta.
Mas não é fácil trabalhar na costa potiguar. O cotovelo do continente é agitado por correntes e ventos muito fortes, por isso, para conseguir os dados, os pesquisadores precisam navegar de madrugada, geralmente às 2h. Todas as informações colhidas são armazenadas em um banco de dados próprio da UFRN e encaminhadas para o Banco Nacional de Dados Oceanográficos, coordenado pela Marinha brasileira.
Fonte: Agecom/UFRN.