Ex-aluna com paralisia cerebral conta sua trajetória em palestras motivacionais

02/09/2020 10:00


A palavra superação sempre fez parte do vocabulário e da rotina de Jamilla Fernanda Macedo Batista. Aos 29 anos de idade, ela comemora mais uma conquista: a vitória contra covid-19. Ela e a mãe, Frassinete de Macedo Batista, de 56 anos, contraíram a doença que já matou mais de 121 mil brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados em 31 de agosto de 2020. “Confesso que fiquei mais apreensiva com o resultado positivo de minha mãe”, desabafou Jamilla. Para Dona Frassinete, também foi difícil: “a cada dia que eu acordava, após noites mal dormidas, pensava logo em minha filha e me perguntava, como vou cuidar dela sozinha?”. 

Para Jamilla, filha única, e sua mãe, esse foi mais um episódio importante na trajetória de amor e de lutas que as duas estão construindo juntas. Durante o período de tratamento muitas lembranças vieram à tona, uma delas em especial: a solenidade de formatura no Curso de Licenciatura em Letras, na modalidade a distância, ocorrida em junho de 2018, no Polo de Currais Novos, distante cerca de 180 quilômetros de Natal, capital do Rio Grande do Norte (clique aqui e veja um vídeo sobre o evento). 

Esse acontecimento marcou a transposição das barreiras impostas pela paralisia cerebral, uma lesão neurológica crônica que acompanha Jamilla desde a infância. Com comprometimento na fala, na locomoção, no movimento dos braços e das mãos, a licenciada em Letras EaD pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte teve, ao seu lado, uma rede de apoio composta por sua mãe, pelos colegas de turma, professores, tutores, coordenação do polo e pela Secretaria de Educação a Distância (Sedis) da UFRN. 

Com a ajuda da internet, por meio de aplicativo de mensagens instantâneas, Jamilla relatou as mudanças em sua vida, após a colação de grau. “Mudou em todos sentidos, eu que já era conhecida na área onde resido, passei a ser conhecida por mais pessoas, até nacionalmente. É como eu gosto de falar: ser UFRN é outro nível”, destaca com entusiasmo. Ela disse que a experiência do ensino a distância na Universidade fez com que desenvolvesse a capacidade de esquecer os limites físicos e tomasse ainda mais gosto pelos estudos. 

Palestrante motivacional 

No ano passado, Jamilla Macedo concluiu o Curso de Especialização em Educação, Pobreza e Desigualdade Social, ofertado na modalidade a distância, também pela UFRN. A partir daí, ela conta que reviu seu papel inspirador e deu ênfase a uma atividade que já tomou conta de sua agenda profissional, o compartilhamento de experiências, por meio de palestras motivacionais: “uso um tablet, onde escrevo, o dispositivo tem um programa que transforma o texto em fala e isso é transmitido a uma caixa de som”. Para digitar as palavras, ela usa uma ponteira presa ao punho esquerdo. 

A determinação de Jamilla cativou a equipe do Setor de Acessibilidade da Sedis/UFRN. Segundo Elizabeth Ferreira, designer educacional e gerente de fluxo do setor, foi realizado um trabalho em conjunto com outras unidades da Universidade, como a Caene – hoje, Secretaria de Inclusão e Acessibilidade da UFRN –, exigindo atenção e sensibilidade para atender todas as necessidades educacionais especiais da ex-estudante universitária, durante sua graduação. 

“Atualmente, 20 estudantes da modalidade EaD são acompanhados pelo setor, muitos precisam de materiais adaptados e de uma atenção especial”, esclarece Elizabeth Ferreira. É esse olhar de inclusão, sem preconceitos e com muito respeito ao potencial de cada estudante que transformou a realidade de Jamilla Macedo. A palestrante motivacional dispara: “sinto-me feliz e realizada, por transmitir positividade, em cada palestra há uma troca, assim mostro que tudo é possível tendo limitações ou não”. 

“Minha maior admiração é que quando ela diz: eu quero e vai à luta, não importa se tem obstáculos, ela não enxerga a deficiência física como empecilho”, finaliza Dona Frassinete, mãe e fã número 1. 

Fonte: Ascom Sedis.


   
   





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