Em Live do CONFIES, Sidarta, neurocientista, critica a burocracia excessiva e o baixo investimento na pesquisa
“O Brasil sofre de um problema sério de inversão de prioridades”. A frase é do neurocientista Sidarta Ribeiro, ao ser questionado sobre o impacto da burocracia excessiva na atividade de pesquisa nas universidades e institutos federais de ensino e pesquisa – ao participar da live Quarta com o CONFIES desta quarta-feira (14/10) sob o tema “Sonhar o Futuro”. Trata-se de um ciclo de debates semanais pré o 3º Congresso Nacional das Fundações de Apoio à atividade de pesquisa – a se realizar nos dias 11 e 12 de outubro.
“Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”, parafraseou Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) em alusão à excessiva burocracia da máquina pública sobre o trabalho da pesquisa que, segundo analisa, é bem acima do pífio orçamento destinado à ciência no Brasil.
Na leitura do cientista, um país sério que busca o pleno desenvolvimento precisa estabelecer metas e valorizar a atividade fim (o conhecimento). Nesse caso, criticou o fato de os gestores da máquina pública ganharem mais do que o dobro do salário do professor universitário. “Esse é um exemplo de inversão de prioridades”, disse o cientista também crítico à desvalorização da renda do Magistério.
CULTURA
Sidarta lembrou dos 11 anos que morou nos EUA, onde fez Doutorado e Pós-Doutorado, e destacou que a estrutura burocrática pertence aos países latinos. “Países como Suécia, Estados Unidos e Canadá partem do princípio de que o pesquisador é gente honesta. O que eles querem do pesquisador é que façam descobertas importantes, focam no objetivo ou produto final; a descoberta é valorizada”, disse.
Enquanto isso, no Brasil, segundo Sidarta, a burocracia na ciência começa na pós-graduação pela exigência do cronograma de pesquisa.
Mediador da live, o presidente do CONFIES (Conselho das fundações de apoio de universidades públicas e institutos federais de ensino e pesquisa), Fernando Peregrino afirmou que a burocracia na atividade de pesquisa tanto trava os processos de gestão como castra a criatividade do pesquisador.
“Essa é uma luta que temos travado com muita ênfase no Brasil, no Congresso Nacional, juntamente com a ABC e SBPC e outras entidades. Mas há uma grande resistência do brasileiro em seguir padrões mais flexíveis de gestão. Há uma paranoia de que todos desconfiam de todos, de que todos são ladrões até que se prove o contrário. Isso tem nos atormentado muito”, lamentou Peregrino.
FUNDAÇÕES DE APOIO
O CONFIES reúne 88 fundações de apoio – catalizadoras de recursos para instituições de ensino superior – que gerenciam mais de 20 mil projetos de pesquisas de mais de 130 universidades públicas e institutos federais de pesquisa e ensino. Credenciadas pelo MEC e MCTI, essas instituições de direito privado são instituídas e veladas pelos Ministérios Públicos Estaduais.
Todo ano, o encontro nacional do CONFIES reúne autoridades, cientistas e gestores que são formuladores de políticas públicas para ciência e tecnologia no País. O objetivo é discutir o papel das fundações de apoio na gestão dos projetos de pesquisa e políticas públicas nas áreas de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação em prol do desenvolvimento do Brasil.
A live na íntegra está disponível no canal YouTube do Confies.
Fonte: Ascom CONFIES.