Artigo mostra rotas do novo coronavírus no Brasil

08/07/2020 10:40


Quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou, no dia 11 de março deste ano, que se tratava de uma pandemia global a contaminação pelo novo coronavírus, o mundo passou a acompanhar mais atentamente e com espanto o avanço veloz dos números da covid-19. No Brasil, oficialmente, a primeira confirmação foi no dia 26 de fevereiro e em menos de um mês depois todos os estados do país já contavam ao menos um caso.

Para entender os caminhos que o novo coronavírus fez no Brasil, em sua chegada e ao se disseminar pelo país, pesquisadores do Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres /UFRN), campus Caicó, realizaram um estudo analisando a dados epidemiológicos e informações aeroportuárias e de transporte aéreo. Intitulado Identificação das rotas iniciais de importação e disseminação da covid-19 no Brasil, o artigo foi publicado na revista GeoSaberes, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Ao longo do estudo, os pesquisadores apresentam dados sobre as contaminações iniciais pelo novo coronavírus em cada estado. Observou-se que 19 deles (66,7%) tiveram primeiros casos relacionados a pessoas com histórico de viagem internacional. Em apenas oito estados (33,3%) os relatos dão conta de primeiros casos registrados após viagens dentro do território nacional.

“De maneira geral, a contaminação do país se deu, principalmente, por pessoas com histórico de viagem para Europa e EUA e, secundariamente, por viajantes de São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza para outras cidades do país, todas de avião. Caso o Brasil tivesse fechado seus aeroportos ainda em fevereiro para voos vindos desses destinos, os casos iniciais poderiam ter sido evitados, uma vez que não há registro do tipo vindo dos países vizinhos por via terrestre”, explica o professor do Programa de Pós-Graduação em Geografia do Ceres Caicó, Marco Túlio Mendonça Diniz, um dos autores do artigo.

Em números, de acordo com os dados epidemiológicos utilizados pelo estudo, para casos de covid-19 relacionados a pessoas com histórico de viagem internacional, em 90,48% foram identificados registros de visita ao continente Europeu. Já entre aqueles que relataram ter viajado apenas dentro do Brasil foram apontados os estados de São Paulo (66,7%), Rio de Janeiro (22,2%) e Ceará (11,1%) como destino.

“Este estudo registrou as rotas iniciais de contaminação no país, bem como sua difusão. Ele aponta que o contágio da pandemia no Brasil se deu por aeroportos e por passageiros vindos de países com altos índices da doença, o principal deles a Itália. A decisão de fechar os aeroportos para voos desses países foi tomada por muitas nações, como a Nova Zelândia, fato que infelizmente não ocorreu aqui por falta de gestão”, afirma o professor Marco Túlio.

Também assinam o artigo os pesquisadores Vitor Hugo Pereira, membro do Grupo de Pesquisa em Geoprocessamento e Geografia Física da UFRN, Glairton Rocha e Marcos Antônio Cavalcante, do Grupo Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Instituto Federal do Piauí (IFPI). Para conferir o trabalho na íntegra, clique aqui.

Fonte: Agecom/UFRN.


   
   





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